Há cerca de 8 meses atrás publiquei um artigo "avisando" que uma grande crise econômica estava chegando. Apesar de na época muita gente achar que o texto era excessivamente pessimista, diversos outros blogs já vinham escrevendo sobre isso há muito mais tempo do que eu. Então o assunto não era novidade para ninguém. "Avisando" foi só uma figura de linguagem. Mas a ideia do artigo foi somar mais um aviso e ajudar as pessoas a se prepararem para a crise, ou pelo menos tomarem consciência dela.
Oito meses se passaram, e agora ninguém tem mais dúvidas quanto à crise. O Tesouro Nacional está falido. O fundo da Previdência Social está quebrado. A inflação só aumenta. E a economia vai de mal a pior. Mas isso é só o começo. Precisamos parar para pensar sobre onde essa crise vai parar. No outro artigo, meu foco foi preparar as pessoas para perderem seu emprego. Mas e o resto? O que vai acontecer com o nosso estilo de vida? É sobre isso que vou escrever agora.
Não é preciso muita imaginação, nem conhecimento econômico, para prever o que vai acontecer nos próximos meses. Basta ter um pouco de memória e lembrar como era a vida nas décadas de 80 e 90. Aliás, a ideia é justamente voltar no tempo, no pleno sentido dessa expressão. Em uma crise como a que nós estamos vivendo, a palavra chave é retrocesso. E retrocesso econômico gera todo tipo de retrocesso, inclusive tecnológico. Prepare-se para uma volta no tempo. Prepare-se para perder acesso a coisas que hoje parecem normais. Vamos falar sobre algumas delas.
Viagens de avião
Antigamente, viajar de avião era coisa de gente rica, classe alta. Classe média viajava mesmo era de ônibus. Lembro que meu pai só viajava de avião quando se tratava de uma viagem a trabalho paga pela empresa. Fora isso, qualquer viagem era feita de ônibus ou de carro. É justamente isso que vai acontecer. Viajar para São Paulo pagando até 300 reais? Nem pensar. Os principais insumos da aviação civil são precificados em dólar. Então se prepare para passagens aéreas a partir de 1000 reais o trecho. Promoções serão raras! Aliás, estão fazendo muitas promoções agora simplesmente para preencher voos já comprometidos. Mas diversos trechos já estão sendo cancelados por falta de demanda. O efeito é multiplicador, ou seja, uma "bola de neve". Funciona mais ou menos assim. O preço aumenta um pouco e a demanda cai um pouco. Como a demanda cai, diminui o ganho de escala da empresa de aviação. Diminuindo o ganho de escala, a empresa precisa aumentar um pouco mais o preço. E aí o ciclo se repete até a crise se agravar de vez e apenas os ricos conseguirem comprar uma passagem: Justamente como era nas décadas de 80 e 90! Classe média viajando para o exterior? Só em sonho mesmo.
Oferta e variedade de produtos
Hoje quando você vai ao supermercado comprar açúcar, pode se dar ao "luxo" de escolher uma dentre várias marcas e opções. Mas não era assim há 20 anos atrás. Haviam 2 ou 3 opções no máximo. Isso vai ocorrer em vários segmentos.
Um deles será o de automóveis. Não estou dizendo que só vai sobrar Volks, Fiat, Ford e GM. As outras vão continuar existindo mas, como era há 20 anos, só vão estar acessíveis a quem realmente for rico. Classe média vai ter que se contentar novamente com carros do nível do Gol e Palio.
Algo que vai encarecer bastante também são os produtos de informática em geral, incluindo aí smartphones, computadores, notebooks, televisores e câmeras fotográficas. Há 20 anos atrás não era fácil ter esses equipamentos em casa. Havia até consórcios para esse tipo de produto. Muita gente tinha computador, por exemplo, mas era um bem que pesava bastante no orçamento. Isso já está acontecendo. Notebooks razoáveis por 2 mil reais ou menos? Esqueça!
Telefonia e internet
Nesse caso, não acho que vai ocorrer uma retração a ponto de voltarmos para a conexão discada, como acontecia na década de 90. Mas a telefonia e internet no Brasil vão estagnar e, comparadas com o resto do mundo, a nossa sensação vai sim ser como se estivéssemos novamente utilizando uma conexão discada. A infraestrutura de telecomunicações vai ficar sucateada com o tempo, devido ao alto custo de manutenção e demanda estagnada. Então se prepare para constantes quedas e indisponibilidades no serviço. A qualidade vai piorar.
Saúde
A saúde hoje está longe do ideal. Mas há 20 anos atrás quem não tinha plano de saúde simplesmente morria. O tempo foi passando e os planos de saúde se tornaram cada vez mais populares. Ao mesmo tempo, a saúde pública também melhorou um pouco. Com a falência do Governo, a tendência é o sucateamento dos hospitais. UTIs e centros cirúrgicos vão fechar e virar novamente coisa de gente rica.
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