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O que destrói a economia de um país?

O que destrói a economia de um país é a morte, a burocracia para abrir e fechar uma empresa, o excesso e a complexidade dos impostos, a insegurança jurídica e a insegurança física.

Manter os trabalhadores em teletrabalho e restringir ou proibir determinados setores da economia, tais como eventos, bares, restaurantes e cinemas, não afeta a economia. Isso por que enquanto as pessoas existirem (isto é, não morrerem) elas vão continuar com as mesmas necessidades básicas de moradia, vestimenta, comida, saúde e diversão. Então se você está preocupado em perder o seu emprego, ou talvez até já o tenha perdido, por conta das restrições impostas durante a pandemia, você deveria, isso sim, estar preocupado com as pessoas que estão morrendo. Você será muito mais afetado e prejudicado se mais pessoas morrerem. 

As necessidades básicas das pessoas não mudam e é isso que determina o consumo delas. Se uma família não pode mais ir a um restaurante por conta da pandemia, então ela vai pedir mais comida no delivery, ou vai consumir mais comida em casa. Se uma família não pode mais ir a um bar, então ela vai comprar mais bebida para beber em casa. Se uma família não pode mais ir ao cinema, então ela vai gastar mais dinheiro com serviços de TV por assinatura. Então sempre que uma maneira de consumir diminui, outra aumenta. E aqueles que são empreendedores precisam se adaptar. Não adianta nada lutar contra a mudança, ou esperar que as coisas voltem a ser o que eram. Agir assim é contraproducente. Os bons empreendedores já estão se adaptando a essa nova realidade imposta pela pandemia. Não acham que é o fim do mundo, pelo menos por enquanto.

E isso vale não só para os empreendedores, mas também para os empregados. Se um garçom de um bar, por exemplo, perdeu o emprego por que o bar fechou e está esperando os bares reabrirem novamente para conseguir outro emprego, pode estar perdendo tempo precioso. Os bares podem até reabrir, mas será que vão reabrir na mesma quantidade e da mesma forma? Ou seria melhor esse garçom já prontamente identificar outras oportunidades de trabalho? 

Vamos analisar, a título de exemplo, uma mudança aparentemente simples que ocorreu durante a pandemia: Algumas famílias que moravam em apartamentos se mudaram para casas. O que isso implica? Sem muito esforço, podemos pensar em várias oportunidades de trabalho. Essa família vai precisar de:

  • Uma empresa ou pessoas para ajudar na mudança.
  • Pode precisar dos serviços de um organizador profissional para arrumar a mudança (inclusive escrevi um artigo recentemente sobre isso).
  • A casa é grande? Pode precisar de uma empregada, jardineiro, pintor, eletricista etc...
  • A casa é mais longe da escola dos filhos? Pode precisar de transporte escolar.
  • A casa é longe da academia? Pode precisar de um personal trainer.
  • A casa é longe do mercado? Pode precisar de serviços de entrega de compras, verduras e padaria.
  • A família vai construir uma casa nova? Aí entra tudo o que está envolvido com construção civil que, inclusive, foi um dos setores que mais inflacionou durante a pandemia justamente por carência de mão de obra, e isso desde a produção de materiais até o setor de construção propriamente dito.
E poderíamos continuar aqui o dia inteiro falando apenas de oportunidades que surgiram com essa simples mudança de hábitos que gera novas demandas.

A grande dificuldade mesmo é a gente se adaptar. Precisamos vencer nossos próprios medos e sair da zona de conforto. Mas como dizia o Stephen Hawking, inteligência é a capacidade de adaptar às mudanças. 

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